sexta-feira, 18 de novembro de 2022

PARA QUE E A QUEM A CONSCIÊNCIA NEGRA INTERESSA

 Com o aumento das denúncias de ataques racistas e injurias raciais, além do avanço de um discurso de preconceitos e discriminação com relação aos grupos subalternizados e invisibilizados em nossa sociedade, pensar a consciência negra se faz de suma importância. O dia 20 de novembro, para nós brasileiros, deveria ser o momento, lógico que isso deveria ser um ato cotidiano, pois estamos nos deparando com mais e mais casos de racismo sendo denunciados, deveria, portanto, ser um momento de reflexão sobre quem somos e como fomos construídos enquanto nação. 



Não podemos naturalizar as violências cometidas historicamente e que ainda perfazem e corroem nosso tecido social. Nossa história carrega consigo as marcas da escravidão negra africana e indígena. No que se refere ao legado africano, historicamente buscamos renegar, relegar, invisibilizar e marginalizar por várias estratégias que alimentaram e ainda alimentam um imaginário social que tem no racismo sua condicionante política, econômica, cultural e mental.  

O racismo orienta nosso ordenamento moral organizando nossas ações e práticas cotidianas de forma consciente e inconscientemente. O racismo é ordenador de nossas ações e ao não percebermos isso, negligenciamos suas consequências, alimentando uma estrutura violenta, discriminatória e marginalizadora da condição de ser negro e negra em nossa sociedade. Não estou falando apenas da reparação de um legado, mas de uma reprodução social de práticas e violências coloniais que remetem aos anos mais atrozes de nossa história e que se perpetuam até os dias de hoje.   

Consciência negra é rememorar, resignificar, desconstruir e, mais importante, desnaturalizar tudo que está naturalizado em nossas práticas e memórias. Neste sentido, consciência negra é um momento meu, seu e nosso com o objetivo de refletir e questionar a negligência e violência, o racismo religioso contra as religiões de matriz africana, a discriminação e o preconceito contra o legado cultural da população negra brasileira  

Aristóteles Veloso

Docente do UniFavip Wyden, Mestre e Doutor em Sociologia

Pesquisador das relações raciais e das religiões de matrizes africana e afro-brasileira

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