Incentivar a inclusão feminina no universo da ciência, tecnologia e inovação garante a construção de soluções mais criativas e com maior potencial para se tornarem inovadoras, principalmente, quando a atuação atende demandas específicas para as mulheres ou promove a equidade de gênero. Apesar da importância da presença de mulheres e meninas nesses setores, elas ainda são sub-representadas.
Diante desse cenário, o Governo do Estado de Pernambuco, através da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti/PE), promove uma série de ações de empreendedorismo inovador com recorte de gênero. Mulheres Inovadoras em Pernambuco, Cientistas Inovadoras, Clube de Programação, Mulheres no Alto e Minas Desenvolve são algumas das iniciativas que incentivam e apoiam a inclusão feminina nos setores. “O conjunto de políticas em execução atua de forma integrada para promover a geração de ideias, a criação de negócios, o desenvolvimento e venda de soluções inovadoras, além da formação de recursos humanos de alto nível e sua inserção em empresas fundadas por mulheres”, pontua a secretária da Secti/PE, Mauricélia Montenegro.
Formada em biotecnologia industrial, Elizabel Melo é fundadora da startup Lactoquito. O projeto, que atua na melhoria da qualidade do queijo coalho através da extração de biomoléculas do resíduo de processamento do pescado, faz parte do Programa Locus de Inovação, coordenado pela Secti/PE. O programa é pioneiro no fomento à geração de soluções, fortalecimento dos Arranjos Produtivos Locais (APLs), desenvolvimento de novos negócios e geração de oportunidades em Pernambuco.
Com a pesquisa e a área de inovação sempre presentes, Elizabel destaca que as mulheres, de forma geral, estão quebrando paradigmas em diversos setores produtivos, inclusive no tecnológico, apresentando resultados significativos e estimuladores que podem ser executados em diversas áreas produtivas. “A presença da mulher proporciona não só um fortalecimento para os diversos mercados, mas um incremento e valorização de ações femininas para setores restritos e descomprometidos em ampliar mercados”, conta.
Na vida de Larissa Santa Cruz, a tecnologia entrou durante os cursos de pós-graduação, quando ela se especializou em eletroquímica e criou a Soliverde, startup que produz energia limpa e compartilha com as pessoas através de carregadores portáteis. A iniciativa foi criada a partir de um problema proposto em edital pela Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia do Estado de Pernambuco (Facepe), instituição vinculada à Secti/PE. “Na escola, eu sempre tive facilidade em matérias exatas e amava química. Para a graduação, eu optei por engenharia de materiais e, durante o mestrado e doutorado, fui para as áreas de energia limpa”, detalha.
Atualmente, além da Soliverde, Larissa atua com a construção de baterias de lítio na Inglaterra, uma área da tecnologia extremamente masculina. “Por ser uma área extremamente masculina, ter mulheres em cargos de poder, em cargos mais altos, permite que outras se identifiquem de certa forma e também tenham a oportunidade de serem incluídas. Mulheres não entram nesse segmento porque não querem, mas por falta de estímulo. Se a gente continuar tendo muitos homens em cargos de poder, teremos muitos homens nos outros cargos”, aponta.
Dados - De acordo com o relatório UN Women’s Gender Snapshot 2022, da ONU Mulheres, nas 20 maiores empresas globais de tecnologia, as mulheres representaram 33% da força de trabalho em 2022, mas apenas uma em cada quatro ocupavam posições de liderança. Mulheres inventoras representavam apenas 16,5% da lista de pedidos de patentes internacionais em todo o mundo.
Com um recorte por região, o último Mapeamento de Comunidades realizado pela Associação Brasileira de Startups (Abstartups), aponta que no Nordeste 21.6% das startups foram fundadas por mulheres. O estudo destaca ainda a realidade na capital pernambucana: 13,5% das startups criadas por mulheres.
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