Ter entre 18 e 55 anos, assinar um termo de consentimento e coletar uma pequena amostra de sangue para o teste de compatibilidade. São simples os passos necessários para se tornar um doador de medula óssea. Em Pernambuco, no ano passado, cerca de 10 mil e 700 novos doadores foram incluídos no Redome, o Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea. Eles podem ajudar pacientes que estão em tratamento de doenças que afetam as células do sangue, como leucemia e linfoma.
No Brasil, a chance de encontrar uma medula compatível é de uma a cada cem mil. Numa mesma família, entre irmãos, as probabilidades são de 25%. A coordenadora do projeto Redome em Pernambuco, Josiete Tavares, afirma que as possibilidades, apesar de pequenas, sempre existem. “Mas não é impossível. No ano passado mesmo, nós encontramos seis doadores, aqui no estado de Pernambuco, compatíveis com alguém em algum lugar do mundo.”
A média de espera para os pacientes que aguardam por um transplante varia de seis meses a um ano, tempo precioso para quem está em tratamento médico. É o que explica o hematologista Rodolfo Calixto, coordenador da equipe de Transplante de Medula Óssea do Real Hospital Português, no Recife. “O que há de mais problemático nessa espera não é só a ansiedade, mas o fato de o paciente ter que continuar o tratamento quimioterápico muitas vezes, para a doença não voltar, e complicar a situação clínica e não chegar nem no transplante. Então, o paciente continua se desgastando com várias sessões de quimioterapia de alta dosagem, isso vai gerando um desgaste orgânico, de função renal, hepática e toxicidades, que podem complicar o transplante lá na frente.”
Por esses motivos, quanto mais rápido se consegue um doador, maiores são as chances do paciente sobreviver. A agilidade no tempo do transplante está diretamente ligada à quantidade de pessoas que se cadastram para serem doadoras. No mês passado, a Assembleia Legislativa realizou, em parceria com o Hemope, um mutirão para cadastrar servidores para a doação de medula óssea. A agente do Legislativo, Nallim Fernandes, decidiu participar. Ela disse que se sentiria grata se pudesse ajudar alguém que precisa. “Para mim o sentimento seria de gratidão. Eu acho que seria muito gratificante poder ajudar a salvar a vida de alguém, uma pessoa que está doente, provavelmente esperando já há algum tempo, já que as chances de compatibilidade são tão pequenas.”
Se acharem um receptor compatível com Nallim, ela vai ser chamada para fazer exames complementares e uma avaliação do estado geral de saúde. O transplante consiste na retirada de células saudáveis da medula óssea do doador para substituir a medula deficitária do paciente que aguarda o procedimento. O hematologista Rodolfo Calixto explica que não há riscos para o doador e que o gesto reacende a esperança de vida dos receptores. “É um renascimento da vida dele, porque ele já tinha uma sentença de uma doença grave, que provavelmente ia levá-lo ao óbito, e aí vem a esperança de voltar a uma vida normal em breve. Então, três a quatro meses depois, muitos dos pacientes já ficam bem e com seis meses já estão retornando às suas atividades normais.”
Para os doadores, o procedimento não traz nenhum prejuízo à saúde. Na opinião da coordenadora do projeto Redome, Josiete Tavares, a grandeza da atitude compensa qualquer aperreio momentâneo. “São incômodos passageiros que representa para o doador, mas para um receptor é a diferença entre a vida e a morte. É a dor de cabeça, dependendo do procedimento, uma dorzinha se for o método de punção, fica meio incômodo. São esses incômodos que vêm e vão embora, o importante é que você deu vida a quem procurava encontrar você para alimentar esperança de vida.” Para se tornar um doador de medula óssea, procure o Hemope. As informações estão disponíveis no site www.hemope.pe.gov.br.
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