O edital de um concurso de fotografia promovido pela Secretaria da Mulher concentrou as discussões na Reunião Plenária da Assembleia Legislativa, nessa terça. O documento, com data de 10 de abril, convoca a participação de mulheres, em especial lésbicas, bissexuais, travestis e transexuais. Para o Pastor Cleiton Collins, do PP, a Secretaria fez uma separação entre as mulheres. “Aqui, claramente, a gente vê uma política de prioridade. Classes, movimentos, e eu acho que esse debate não tem necessidade. Reconheço o trabalho excelente que a secretária Sílvia Cordeiro vem fazendo na Secretaria da Mulher, mas não sei porque surgiu do nada um processo como esse, que poderia ter sido uma política para todos.”
Na mesma linha, Adalto Santos, do PSB, disse acreditar que o governador Paulo Câmara não tem conhecimento do texto, e pediu o cancelamento do edital do concurso fotográfico. “Eu quero fazer quorum junto ao pastor Cleiton, à bancada evangélica, aos católicos, aos conservadores, que nós procuremos a secretária e vamos pedir o cancelamento do edital. Nós não vamos admitir esse tipo de comportamento.”
Joel da Harpa, do PP, também manifestou repúdio ao texto do edital. Para o deputado, o concurso vai dar prioridade a mulheres LGBT, prejudicando as heterossexuais. “O edital, ele passa além do limite do Estado, de pessoa física, e ele entra na sexualidade da pessoa. Não precisa colocar ‘em especial’ como se esse grupo de mulheres fosse um grupo diferenciado, especial. Há, naturalmente, uma discriminação às heterossexuais aqui nesse edital.”
Marco Aurélio Meu Amigo, do PRTB, e Delegado Erick Lessa, do PP, também se declararam contrários ao edital. Em contrapartida, diversas deputadas manifestaram apoio à iniciativa da Secretaria da Mulher. Presidente da Comissão dos Direitos da Mulher na Alepe, a Delegada Gleide Ângelo, do PSB, afirmou que a proposta defende a inclusão de um grupo discriminado socialmente. “Eu entendo isso como uma forma de incluir pessoas excluídas da nossa sociedade. Eu não me sinto, como mulher, jamais discriminada, jamais excluída desse processo, desse edital. Isso aqui não divide mulher. Pelo contrário, inclui mulheres que, historicamente, estão excluídas.”
Simone Santana, do PSB, explicou que a Secretaria da Mulher atua em políticas públicas dedicadas a diversos segmentos do gênero, a exemplo de mulheres negras, idosas e camponesas. Segundo a deputada, o concurso de fotografia foi uma proposta desenvolvida pelo comitê de mulheres lésbicas, e homenageia Marylucia Mesquita, assistente social e militante LGBT que faleceu em dezembro de 2017. “É preciso se contextualizar, se entender o porquê deste edital. Não foi uma coisa aleatória e nem só para estimular, como foi dito aqui, estimular as mulheres lésbicas, as mulheres trans, as mulheres bi, não existe isso. Na verdade é o inverso, é para dar visibilidade, para que essas mulheres não sejam, não se sintam excluídas.”
As deputadas Priscila Krause, do Democratas, e Jô Cavalcanti, do coletivo Juntas, do PSOL, também defenderam o edital. Elas afirmaram que as mulheres LGBT precisam de políticas públicas que promovam mais visibilidade. João Paulo, do PCdoB, destacou a violência sofrida pela comunidade homoafetiva e lembrou que a solidariedade e a valorização do ser humano também são mensagens cristãs.
Fonte: Rádio Alepe
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