Nesta quarta-feira (13), a Frente Parlamentar de Combate à Automutilação e ao Suicídio deu início, oficialmente, a seus trabalhos do colegiado com a realização da primeira Audiência Pública que contou com participação da Secretária executiva de Atenção à Saúde da SES, Dra. Cristina Mota e equipe técnica, além da psiquiatra da infância e adolescência Rackel Eleutério. O coordenador-geral da Frente, deputado Diogo Moraes, abriu a reunião destacando que este trabalho é uma ação que trata de uma responsabilidade social da Casa Legislativa com os pernambucanos. A Audiência Pública também contou com a exposição de João Marcelo, gerente de Saúde Mental da SES, Mikaele Vasconcelos, da 7ª Geres.
“Ao longo de mais de três horas de audiência pública os participantes forneceram informações e dados oficiais relacionados ao tema em nosso Estado. Como o Governo de Pernambuco vem atuando, na prevenção desta problemática que tem crescido vertiginosamente em todo o mundo. Na exposição de João Marcelo, por exemplo, os dados colhidos no ano de 2017, mostraram que Pernambuco teve 4,6 óbitos por suicídio por 100 mil habitantes. Entre 2013 e 2017, enquanto no Brasil 15,4% da população chegou a óbito, em Pernambuco, o número era de 31,4%. Em nosso, estado, verifica-se ainda que o maior número de óbitos é na população masculina. Então, este, e os demais dados apresentados vão ser somados, ao longo das próximas reuniões, e compilados. São informações valiosas que vão ajudar a Frente Parlamentar a construir uma proposta de programa estadual de combate à automutilação e ao suicídio”, destaca Diogo Moraes.
Presente na audiência, o deputado Erick Lessa, membro do colegiado, parabenizou pela iniciativa de debater o tema. “Como sou oriundo da área de segurança, a gente observa os dados estatísticos. Não dá mais para deixar de lado esse debate. Claro, envolver mais e mais colegas parlamentares com amplas discussões e efetivas contribuições no que diz respeito a política pública”, afirmou Lessa. Já a deputada Priscila Krause também destacou a iniciativa da Frente Parlamentar. “Já existe um movimento nacional e Diogo está de parabéns por colocar esse embate e colocar no colo. Teremos oportunidade de aprender, debater. Ouvir e aprender. Esse é um problema silencioso e mascarado. E é difícil fazer esse combate. Estamos dando o primeiro passo. Vamos aprender para errar menos. Essa é uma luta coletiva”, declarou Priscila.
A deputada Teresa leitão afirmou que novos setores da sociedade estão sendo atingidos por problemas de saúde mental. “Notadamente as pessoas idosas e a juventude. Além disso, é uma área que atinge muitos profissionais, por exemplo, os profissionais que lidam com a educação têm passado por transtornos”, disse. “Tenho expectativas muito positivas com o êxito desta Frente Parlamentar”, finalizou.
Representando o Secretário Estadual de Saúde, André Longo, a Dra. Cristina Mota, secretária executiva de Atenção à Saúde da SES, iniciou sua fala declarando que a Frente Parlamentar de Combate à Automutilação e Suicídio é um tema extremamente relevante e que se trata de um grande desafio da atualidade. “Este é um universo silencioso de pessoas que estão sofrendo. É um processo de reconhecimento dessas vulnerabilidades, a violência nas suas variadas vertentes. Todos os temas precisam estar juntos. A atuação deve ser focada na prevenção primária. E evitar que chegue até o atendimento em saúde de fato. Essas pessoas não podem ser estatísticas. É preciso ter um acolhimento universal, que a pessoa tenha acesso aos pontos da atenção psicossocial”, afirmou.
O Dr. João Marcelo, gerente de Saúde Mental da SES, apresentou a agenda estratégica de prevenção ao suicídio, que conta com três eixos: Vigilância e Qualificação da Informação; Prevenção e Promoção da Saúde; Gestão e Cuidado. No primeiro eixo, é realizada a qualificação da notificação de tentativas de suicídio (com sensibilizações dos profissionais da rede sobre a importância da notificação dos casos, qualificação para preenchimento dos dados e monitoramento das notificações), além da disseminação da informação e orientação de estudos e pesquisas (informes mensais e boletins epidemiológicos). No eixo 2, de prevenção do suicídio e promoção da saúde, ocorre a articulação intersetorial e intrasetorial (com apoio ao desenvolvimento de atividades relacionadas à prevenção de violências e promoção da cultura de paz) e comunicação (elaboração de cartilha com orientações ao atendimento às pessoas em situação de violência). Por fim, no eixo 3, de Gestão e Cuidado, ocorre a pactuação de estratégias e fluxos de atenção à saúde local (com a qualificação das estratégias de notificação, inicio imediato de acompanhamento clínico e psicossocial além da discussão de casos e definição de fluxos de cuidados no âmbito das geres).
A psiquiatra Rackel Eleutério, especialista em infância e adolescência, do IMIP, explicou que o existe um aumento da taxa de tentativas e de suicídio consumado entre jovens, citando que a idade é cada vez mais precoce, onde ocorrem primeiras ideações ou tentativas ainda na infância. Segundo a ONU, o suicídio é a 2ª principal causa de morte entre 15 e 29 anos, sendo responsável por 800 mil mortes por ano no mundo. De acordo com a psiquiatra, a fase da adolescência, com a instabilidade emocional, existe a susceptibilidade a pistas sociais negativas, comportamentos de risco. A especialista indicou ainda os sinais de alerta que são: comportamento retraído, inabilidade social, irritabilidade, pessimismo, mudanças de hábito alimentar e de sono.
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