Tudo começou como uma oficina de música, em 2016, no Centro de Atendimento Socioeducativo (Case) Abreu e Lima, no Grande Recife. Aos poucos, as aulas foram permitindo a descoberta de vocações para os palcos entre os adolescentes em cumprimento de medida de internação no local. Treinado, o grupo cresceu, se transformou na Banda Liberdade e, hoje, já extrapola os muros da Fundação de Atendimento Socioeducativo (Funase). Só nos últimos meses, os dez socioeducandos participantes do projeto, regidos pelo agente socioeducativo Artur Silva, já se apresentaram em espaços como a Câmara Municipal do Recife, o Centro de Convenções de Pernambuco e o Hospital dos Servidores do Estado (HSE). Agora, a iniciativa dá mais um passo com o lançamento do primeiro CD da banda. A apresentação do álbum ao público ocorreu na noite da quinta-feira (17), no Clube Português, no Recife.
O CD contém a interpretação de 12 músicas de artistas e grupos consagrados, como “Evidências” (Chitãozinho & Xororó), “Espumas ao Vento” (Fagner) e “Xote dos Milagres” (Falamansa). A gravação ocorreu no Studio 855, no bairro do Ibura. Usando um uniforme com a frase “Alguém acreditou em mim”, os socioeducandos se revezaram no vocal, na zabumba, no triângulo, no ganzá e na pandeirola. O trabalho não tem fins lucrativos. O objetivo é chamar a atenção das pessoas sobre a importância de ações que contribuam para a reinserção social desses adolescentes. "Me sinto realizado em saber que um projeto tão belo e importante, antes desconhecido, se concretizou, alcançou muitos jovens e despertou a atenção das pessoas, que entenderam a importância da música no processo de socioeducação", explicou o agente socioeducativo Artur Silva, idealizador da ação e maestro do grupo.
Devido à rotatividade na Funase, vários adolescentes já passaram pelo grupo nesses três anos de existência do projeto. Alguns deles continuam participando de apresentações mesmo após terem obtido a liberdade. É o caso do jovem G.V., de 19 anos, que esteve presente no lançamento do CD que ele ajudou a gravar. "Nem sempre posso estar com o grupo, porque moro um pouco distante, mas hoje fiz questão de estar aqui. Guardo muitas lembranças da banda, que me ajudou muito no tempo que passei na Funase", destacou. "Eu estava lá na gravação do CD e hoje é bom ver que tudo ficou pronto", completou o socioeducando C.C., de 17 anos, integrante da banda há mais de um ano e ainda em atendimento no Case Abreu e Lima.
O lançamento foi prestigiado por familiares dos socioeducandos, por agentes socioeducativos da Funase, pelo músico Cezzinha, padrinho da banda, e pela presidente da Associação Cultural e Assistencial dos Artistas de Pernambuco (Acaape), Telma Andrade, apoiadora da produção do CD. Para o gerente do Case Abreu e Lima, Abinoan Barboza, também presente ao evento, a realização do projeto mostrou como o envolvimento coletivo pode gerar ações sociais de impacto. "Esses jovens pertencem à nossa sociedade. Cabe a cada um de nós fazer nosso papel para oportunizar coisas boas para a vida deles", declarou.
Imagens: Divulgação/Funase
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